Seu lema era dar aos pacientes todo o apoio necessário e o mínimo possível para que aprendam a alcançar o auto suporte e a interdependência.

Essa é uma fala de Nancy Lyon no livro Timeless Experience no qual ela traz escritos da Laura Perls e também compartilha um pouco da sua relação com ela e dos aprendizados que teve vendo aLaura atuar com os grupos no instituto de NY.

Desde que li , me identifiquei com esse “lema”. Afinal, como se movimentar entre esses dois lugares? Todo apoio e o mínimo possível...Uma descrição perfeita de uma relação na fronteira, acolhimento e frustração, cuidado e espaço pra crescer, orientação e autonomia. Apesar de,nesse contexto, estar se referindo a uma relação terapeutica, me parece que é bem mais do que isso, é um lugar desejado de encontro, de contato. Quando penso em educação, de maneira geral, me vem essa imagem : todo apoio necessário, o mínimo possível.

É preciso apoio, suporte pra fazer algo , pra crescer, mover, agir, há sempre algo que precisamos para sustentar nosso fazer, mas quando o apoio é mais do que o necessário, há inseguraça, dependencia, passividade, inatividade...aí entra o mínimo possível como extremamente importante. Dar somente o apoio necessário é confiar/provocar na/a capacidade de criar e agir, esse é o mínimo que podemos fazer.

Quando TUDO está disponível e entregue, NADA precisa ser feito. É preciso dar espaço pra crescer. Neuroticamente iremos sempre nos queixar da falta, do que o outro insiste em nos negar, em não nos dar.

Nos queixamos e acreditamos que o outro está em dívida quando não nos entrega tudo e ao mesmo tempo nos tornamos devedores de todos. Se tudo quero, tudo devo.

Me identifico fortemente com esse “lema” e por isso me esforço para me mover assim, dando todo suporte necessário, mas também o mínimo possível. E saiba, é preciso um exercício enorme para não entregar tudo com a fantasia de que isso nos torne inteiros. O que nos torna inteiros é a falta, você tem coragem de deixar faltar?

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